sábado, 30 de julho de 2011

Luanda - Viana - Talatona - Luanda




Ontem tinha imensa coisa para fazer. Entrevistas, reportagens, levantamento de credenciais...e tudo isto no eixo Luanda - Viana - Talatona. Não é muito. Não consigo quantificar, mas deverá ser o equivalente a fazer Lisboa - Queluz - Cacém.

Acontece que um trajecto desta natureza em Luanda faz-se em...várias horas, literalmente. Não se anda. Quando o carro avança, é sempre pouco. Não sei bem quantas faixas de rodagem existem, já que isso, aqui, é completamente irrelevante.

Durante este trajecto vê-se imensa coisa. Boa e má, como é óbvio.

Deixo-vos, então, com a Kawasaki, versão Angola: Kawaseki! Uma das coisas boas que vi...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Menos sociedade, mais intimismo

O dia de ontem (não o de hoje, que ainda não acabou) teve vários momentos. Lamentavelmente, não poderei abordá-los todos aqui. No meu regresso, com um café ou uma imperial à frente, entro em detalhes. Aqui, apenas selecciono uma fase do dia.

Escolhi o momento da entrevista com um músico luso-angolano. O seu nome é Yami. Este artista era frequentador assíduo do Hot Club. Nasceu em Luanda e por cá ficou até aos cinco anos. Depois, abandonou o país e fixou-se em Lisboa.

Mais de 30 anos depois, aterrou na sua terra. Tinha uma entrevista com ele. Em "off", falámos do meu exemplo: filho de cabo-verdianos, mas que nunca esteve em Cabo Verde. Um pouco como ele.

Sem microfone, cantou músicas dos Beatles e de sua autoria. Falámos sobre ser músico, jornalista, pessoa, coisas simples. Jurámos, os dois, que jamais falariamos mal do trânsito da IC19. Ficou combinado.

Ficou igualmente a promessa de que quando estivéssemos em Lisboa, que beberíamos um café.
Combinado.

À nossa volta, fumo, moscas, mosquitos, míudos e instrumentos musicais.
Abraço pessoal!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dia dois em Luanda. Primeiro inteiro.


Um dia que não começou bem. Na minha óptica, acordar antes das dez da manhã é começar mal. Pior, é, se o fizer às sete da matina. Foi o que sucedeu. Mas, Ângelo Miguel, deixa-te lá de tretas. Acorda, põe-te bom e vai lá ver o que se passa neste sítio do tamanho do Porto, mas com 4,5 milhões de pessoas e onde as regras de trânsito são nulas. É sobre este tema que mais vou falar hoje.

Tive a incumbência de adquirir três objectos que permitem a realização de comunicações móveis. A compra dar-se-ia numa delegação da Unitel. Como ainda não conheço bem a cidade (parece-me natural), fui acompanhado. 

O trânsito caótico da cidade fez com que a opção passasse pela deslocação numa motorizada. Esfreguei as mãos e partilhei com os meus botões: “vai haver parvoíce”. E houve.

Ponto primeiro: as passadeiras para peões, tal como nos países latinos, não são motivo de abrandamento. Ninguém pára. Não me surpreendeu, confesso. Surpreendi-me, sim, com a quantidade de cães que têm um gosto especial em ficar sem patas. Alguns também não têm olhos. Conflitos com felinos de pequeno porte, aposto. Nos anos 80 era assim a vida animal em Queluz.

Apercebi-me, também, que as rotundas não significam rigorosamente nada. Quem chegar primeiro passa. Os semáforos também causam alguma apreensão: quase nunca estão em funcionamento. Dos dez por cento que funcionam, nove estão com sinal intermitente, o que promove, ainda mais, a confusão. 

Deixei para último a parcela unitária de percentagem respeitante aos sinais luminosos que funcionam. Quando o sinal está vermelho, os carros param. Mas as motas não…por isso, nunca parei num vermelho. Temos sempre a sensação que vamos bater em alguém. Mas não. “Nem se coloca essa questão”, diz-me o profissional da condução enquanto se ri.

A lógica de respeito pelo traço contínuo não existe. As motorizadas deitam tanto fumo que as claques de futebol deveriam rever a lógica de aquisição de tochas em sites croatas. Dança-se muito nas ruas, sem música. Ouvem-se gargalhadas a todo o momento. Chego a pensar que há um angolano em cada esquina a contar uma anedota brutal com gente à sua volta a aguardar o desfecho da mesma. Fenómeno bastante comum nos anos 80. Pelo menos na Amadora era assim. 

Para terminar, uma observação que faz todo o sentido: tenho a sensação que a polícia em Angola não tem nada para fazer. Digo isto, porque a cada 500 metros existe uma operação Stop.

P.S. Sempre que possível, tentarei ilustrar os posts aqui colocados.
Família, amigos, colegas, um grande beijinho e abraço!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

As primeiras (poucas) sensações (26/07/2011)


Sendo este o primeiro post, do primeiro dia, pouco irei falar da realidade que encontrei. Antes de qualquer comentário sobre Luanda, dizer que este espaço irá servir para manter informado quem possui algum carinho pelo Ângelo Miguel. 

O blog irá responder às questões mais óbvias (Estás a gostar? Isso é giro? Faz calor? Há neo-nazis?) e, igualmente, às menos evidentes (profissionais e do quotidiano angolano).

Aterrei às 18h20 (mesma hora em Portugal), mas apenas saí do aeroporto às 20h30. Há que entender que a amostragem do passaporte é uma actividade similar a respirar por estas paragens. Na zona “nada a declarar”, onde, como é óbvio, nada se declara, existe uma fila comparável à Segurança Social no Areeiro. 

Estamos no Inverno, anoitece às 18h e as pessoas dizem que está frio. Eu acho que está calor, até porque existem imensos mosquitos. Recordo-me, apesar de já não lá morar há um ano, que em Massamá, no Inverno, não há mosquitos. Há vento, mosquitos não. Sintomático, portanto, quanto às temperaturas na capital de Angola. 

Para terminar, pois não vos quero maçar mais, referir que circulei por quase toda a cidade sem trânsito, algo impensável e impossível durante o dia. Alimentei-me na baía de Luanda, num local com mais interesse que toda a zona de Mem-Martins. 

P.S. Eu avisei que o primeiro post ia saber a pouco...