quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dia dois em Luanda. Primeiro inteiro.


Um dia que não começou bem. Na minha óptica, acordar antes das dez da manhã é começar mal. Pior, é, se o fizer às sete da matina. Foi o que sucedeu. Mas, Ângelo Miguel, deixa-te lá de tretas. Acorda, põe-te bom e vai lá ver o que se passa neste sítio do tamanho do Porto, mas com 4,5 milhões de pessoas e onde as regras de trânsito são nulas. É sobre este tema que mais vou falar hoje.

Tive a incumbência de adquirir três objectos que permitem a realização de comunicações móveis. A compra dar-se-ia numa delegação da Unitel. Como ainda não conheço bem a cidade (parece-me natural), fui acompanhado. 

O trânsito caótico da cidade fez com que a opção passasse pela deslocação numa motorizada. Esfreguei as mãos e partilhei com os meus botões: “vai haver parvoíce”. E houve.

Ponto primeiro: as passadeiras para peões, tal como nos países latinos, não são motivo de abrandamento. Ninguém pára. Não me surpreendeu, confesso. Surpreendi-me, sim, com a quantidade de cães que têm um gosto especial em ficar sem patas. Alguns também não têm olhos. Conflitos com felinos de pequeno porte, aposto. Nos anos 80 era assim a vida animal em Queluz.

Apercebi-me, também, que as rotundas não significam rigorosamente nada. Quem chegar primeiro passa. Os semáforos também causam alguma apreensão: quase nunca estão em funcionamento. Dos dez por cento que funcionam, nove estão com sinal intermitente, o que promove, ainda mais, a confusão. 

Deixei para último a parcela unitária de percentagem respeitante aos sinais luminosos que funcionam. Quando o sinal está vermelho, os carros param. Mas as motas não…por isso, nunca parei num vermelho. Temos sempre a sensação que vamos bater em alguém. Mas não. “Nem se coloca essa questão”, diz-me o profissional da condução enquanto se ri.

A lógica de respeito pelo traço contínuo não existe. As motorizadas deitam tanto fumo que as claques de futebol deveriam rever a lógica de aquisição de tochas em sites croatas. Dança-se muito nas ruas, sem música. Ouvem-se gargalhadas a todo o momento. Chego a pensar que há um angolano em cada esquina a contar uma anedota brutal com gente à sua volta a aguardar o desfecho da mesma. Fenómeno bastante comum nos anos 80. Pelo menos na Amadora era assim. 

Para terminar, uma observação que faz todo o sentido: tenho a sensação que a polícia em Angola não tem nada para fazer. Digo isto, porque a cada 500 metros existe uma operação Stop.

P.S. Sempre que possível, tentarei ilustrar os posts aqui colocados.
Família, amigos, colegas, um grande beijinho e abraço!

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