quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Agentes da autoridade

Ponto prévio: este relato não possui imagem. Rapidamente perceberão porquê.

Hoje conheci um recinto desportivo do caraças: Estádio da Cidadela, antiga casa da selecção angolana de futebol. Péssimo espaço, mas com alguns pavilhões anexos, o que dá um toque polivalente à coisa.

No regresso ao escritório, após realizar uma reportagem sobre atletas paralímpicos, circulávamos (eu e o motorista) na nossa motorizada por ruelas estreitas. Muito estreitas. Até que...somos mandados parar pela polícia. Três agentes com metralhadoras, com ar de quem não estavam satisfeitos com ninguém.

Vou, então, reproduzir a conversa.

Legenda: A - Ângelo; M - Motorista; P - Polícia

P: Senhor motorista, sabe que a sua mota não pode levar reboque (duas pessoas)...
M: Não pode? Mas esse mambo tem de levar duas pessoas...senão dá para o quê?
P: Poder, pode, mas não deve. E o capacete do senhor (aponta com a metralhadora para o Ângelo Miguel)?
A: Não fui informado que se deveria utilizar o capacete...aliás, estão várias pessoas sem o mesmo...
M: Poças, senhor polícia, a malta tá a andar sem capacete. Eu tenho. Só ele é que não tem e fomos fazer ali uma notícia...ele é jornalista!
P: Tem cartão de identificação?
A: Tenho aqui o bilhete de identidade português. Não ando com o passaporte. Serve?
P: Ya, dá aí...

(Contempla o BI durante 2/3 minutos, analisa o meu focinho e toma conhecimento dos nomes dos meus progenitores).

P: Camarada, vamos ter de fazer aí uma negociação ao nível do cidadão com a autoridade...
M: Mas nós não temos dinheiro...
P: Então vamos ficar com a mota, camarada...estamos a falar de uma negociação fa-se-a-da (tem a ver com os vários momentos da negociação)

(Entretanto, o agente troca algumas impressões com um colega, regressando após dois minutos de conversa)

P: O que se passa é o seguinte. Vocês, camaradas, até estão dentro da legalidade. O que nós queremos é uma negociação. Um mambo para o café com o sócio, ali...hoje choveu, uma bebida bem quente...tão a entender?
A: Senhor agente, eu estou com um problema que é o seguinte: não tenho dinheiro.
P: Sim, mas os camaradas têm de entender a situação aqui...temos de analisar bem as coisas...
M: Mas, senhor agente, se está tudo bem, e nós temos dinheiro...
P: Tou a ver...vão, vão!

A autoridade em Luanda que reveja, por favor!

Sem comentários:

Enviar um comentário